Fundador e presidente do grupo Bio Ritmo, Edgar Corona fala dos impactos da crise do coronavírus no setor de academias em entrevista à EXAME
O setor de academias de ginástica foi um dos primeiros a ser afetado pela crise causada pela pandemia de coronavírus. A Smart Fit, maior rede de academias da América do Sul, com cerca de dois milhões de clientes, anunciou em meados de março o fechamento temporário de todas as suas unidades no Brasil e na América Latina, o que poderá resultar em um prejuízo de cerca de 160 milhões de reais ao mês. Para discutir como o segmento está se reinventando, Edgar Corona, fundador e presidente do Grupo Bio Ritmo, dono da rede Smart Fit, fala à EXAME em entrevista ao vivo da série exame.talks.
Foi durante o Carnaval que Corona percebeu que a situação do era grave. Fora do Brasil, o executivo viu o que acontecia na Itália e percebeu que a crise seria diferente da de 2008. “A crise de 2008 foi de liquidez, essa é uma crise do cara que vende coco no Ibirapuera. Não tem como irrigar a economia, porque você abastece o coração com sangue, mas não chega a artéria do pé”, afirma Corona.
Imediatamente, o presidente ligou para sua equipe e pediu para que se preparassem. A partir do dia 15 de março, as unidades começaram a ser fechadas e a cobrança da mensalidade dos alunos foi congelada. Neste contexto, as principais preocupações do executivo são como equacionar o caixa, cuidar dos 2,7 milhões de alunos e manter a equipe de funcionários.
Para engajar os mais de um milhão de alunos que frequentavam as academias da rede diariamente, a Smart Fit lançou um projeto digital que já estava em produção antes da crise. A empresa disponibilizou gratuitamente uma série de aulas online, usando pesos e materiais encontrados em casa, para estimular a prática de atividade física durante a quarentena. “Atingimos 8 milhões de pessoas no Brasil, são cerca de 800.000 pessoas diferentes por dia usando os treinos”, afirma Corona.
Planos alterados
Corona tinha grandes planos para a Smart Fit em 2020. A empresa fechou 2019 com 797 academias espalhadas pelo Brasil e América Latina. A meta para este ano era abrir mais 238 unidades e chegar ao total de 1.035. A rede planejava desembolsar 1 bilhão de reais em investimentos – cada unidade custa cerca de 4 milhões de reais. Com o coronavírus, os planos foram pausados.
Imaginando um contexto de paralisação de 60 a 90 dias, será impossível abrir o número planejado de novas unidades, segundo afirma o executivo. Ele estima que sejam abertas somente 170 novas academias em 2020. “O caixa será usado para um propósito que não é gerar emprego e crescer, mas sim se proteger. É triste”, afirma o empresário.